Humanos passam tanto tempo olhando uns para os outros que não é surpreendente que vejamos rostos onde eles não existem: árvores, nuvens, objetos do cotidiano, a superfície de Marte e torradas. Mas algumas pessoas tendem a ver mais rostos inexistentes do que a maioria, e uma forte crença religiosa ou no supernatural pode ser a culpada, como sugere um novo estudo.
Pesquisadores da Universidade de Helsinki, na Finlândia, realizaram uma série de experimentos com 47 adultos. Foram mostradas a eles dúzias de imagens de objetos inanimados e paisagens. Algumas tinham características que poderiam lembrar rostos, olhos e boca ao menos, enquanto outras não apresentavam nada claramente. Depois, os voluntários responderam um questionário para medir sua religiosidade e sua crença no paranormal.
As pessoas religiosas e que creem em fenômenos paranormais identificaram rostos com maior frequência do que os não religiosos e céticos. O primeiro grupo também era mais inclinado a falsos alarmes, achando faces nas imagens sem nenhum indício delas. Em uma parte do teste, os participantes tiveram que avaliar o nível de semelhança com um rosto e expressão emocional do que viram. Aqueles que acreditam no supernatural foram mais suscetíveis a atribuir níveis mais altos.
Cientistas que estudam religião sugeriram que o antropomorfismo, a atribuição de propriedades exclusivamente humanas a fenômenos não humanos, ajuda a explicar uma tendência a acreditar em deuses. Os resultados das novas pesquisas parecem fortalecer esses laços, já que a detecção ilusória de rostos, conhecida como pareidolia, pode ser considerada uma forma de antropomorfismo. Também podem explicar por que volta e meia surge no noticiário gente anunciando a aparição de Jesus numa torrada ou numa pedra. Ou o perfil de Mahatma Ganghi identificado em Marte por um homem pelos mapas do Google Mars.
Fonte: Live Science